9.15.2006

Infância Interrompida

"Choro ao imaginar como seres humanos são capazes de fazer mal a anjos!". Essa frase, como nick no msn de uma amiga (Ae, Flávia!), já me deu um aperto no coração logo que li.

- O que aconteceu?
- Estou escrevendo uma matéria sobre o lançamento de um documentário (Flor de Pessegueiro). Fui pesquisar mais sobre o tema abordado (abuso sexual contra crianças) e chorei.

O aperto aumentou.

- Tem aí os links das matérias que você leu?


Então, o resto do meu dia foi um aperto só.

Tentei (só tentei, porque acho que só quem passa por isso entende a dor que se sente) me colocar no lugar dessas crianças que perdem, logo na infância, a figura do pai-herói, a noção de que o amor é a base de qualquer relacionamento e, o que é pior, perdem a dignidade, o direito de ser criança, e o direito de achar, pelo menos por poucos anos, que o mundo é um conto de fadas.

Em um dos
artigos que li, a autora sintetiza o que sentiu ao ver o tal documentário sobre o qual minha amiga escrevia: "Pobre crianças-anjos! Presas a fantasias de demônios!".

A dor deve ser tanta, e a vergonha tamanha, que a maioria prefere sofrer calada. Devem achar que merecem aquilo. Ou que "a vida é assim mesmo". Agora imaginem se uma criança de 3 anos deveria estar pensando que "a vida é assim mesmo"!


Em um outro
texto, li que "são vários os fatores que contribuem para que poucas vezes o abusador termine preso. Para começar, falar desse assunto demanda coragem. As palavras ficam engasgadas, às vezes durante anos. Como espinhas de peixe atravessadas no meio da garganta, fazê-las sair arranha a carne, rasga pedaços, exige força".

Revoltei-me. E chorei também.

Um comentário:

Anônimo disse...

Carlinha,

Adorei o texto! O release sobre o documentário tá pronto, vou te mandar depois pra vc dar uma olhada. Essas coisas chocam, entristecem, revoltam, mas é importante divulgar para encorajar as pessoas a denunciar esses monstros.

Bjsss!

 
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