7.03.2008

Fortaleza

Quarta-feira, dia 2 de julho de 2008, foi um dia histórico e inesquecível para muitas pessoas. Porém, para os 15 reféns libertados das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), esse dia significou que os anos de luta para aguentar todo o sofrimento e manter a sanidade física e mental não foi em vão. Esse dia, para eles, poderá ser resumido para sempre em uma palavra: vida.


Ingrid Betancourt, ex-candidata à presidência colombiana, passou seis anos em cativeiro. Outros reféns foram sequestrados em 1998, ou seja, estão longe de casa e vivendo como animais na selva por 10 anos! Sei que o ser humano não conhece seu próprio limite, mas eu duvido que conseguisse resistir.

Hoje, vendo as imagens de seu reencontro com os filhos, fiquei boquiaberta com a sanidade e com o compromisso que Ingrid demonstrou. Ela passou seis anos vivendo em condições desumanas, traz diversas sequelas físicas e mentais de tudo o que passou e hoje, um dia depois, já faz reuniões com o presidente e consegue incluir a palavra paz e a frase "vou continuar lutando" em seu discurso.

Tem que ser evoluída demais para não se revoltar em constatar que sua família já possui outros rostos, outros trejeitos e que ela perdeu seis anos da vida das pessoas que mais ama na vida por causa de guerrilheiros fanáticos. Eu, sinceramente, não conseguiria.

Seu marido, Juan Carlos Lecompte, disse que chegaram em casa tarde da noite e tiveram uma longa conversa na qual ela "narrou detalhes do seu triste cativeiro". "Ela está muito bem, generosa de espírito e muito lúcida. Seu corpo tem algumas seqüelas, mas nada grave. Sua alma está muito fortalecida", completou.

O pior é que, enquanto vivemos em um país cheio de problemas, que não tem catástrofes naturais e vive em paz, existem centenas de pessoas sofrendo na mão de gente que não é gente, que parece não ter alma e coloca seu fanatismo e suas convicções acima de absolutamente tudo. Atualmente existem 25 reféns políticos (que a guerrilha pode negociar com o governo) e cerca de 775 reféns "econômicos" (pelos quais as Farc cobram resgates para financiar suas atividades).

É triste. É muito triste.

2 comentários:

Cristiana Soares disse...

Tb fiquei chocada com a aparente calma e o espírito de paz que ela está exalando. Muito bom esse post.

Carla Martins disse...

Não é? Ela não pertence a esse mundo.

Bjs!

 
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